Sweetlicious:

Sexual Personal Trainer (uma história que você precisa conhecer)

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01/abr 2014

Andi-Anderson(1)

Na estrada conhecemos muitas pessoas, algumas delas sempre têm uma boa história para contar. De todos os relatos que já ouvi durante minhas incursões, o mais incrível chegou até mim em Hong Kong.

Cheguei lá no meio de uma tarde chuvosa e sem hospedagem certa. Vaguei no centro um tempo e me deparei com um lugar chamado Chungking Mansion. Basicamente um prédio comercial com cerca de catorze malandros por metro quadrado. Na porta eles ofereciam de tudo, de hotéis baratos a comida do Paquistão. Segui umas placas e achei no oitavo andar uma guesthouse de nome Beverly Hills. A estrutura era cômica a ponto do meu quarto não ter porta. Tive que aguardar uma hora até que um velho chinês instalasse uma nova. A essa altura já era noite, mas, mesmo depois do tempo no avião e de um banho quente, ainda não sentia sono algum. Provavelmente o fuso.

Resolvi conhecer as imediações. Os malandros continuavam lá em seus negócios, aparentemente algumas putas novas das Filipinas tinham chegado. Um deles era um malês de quase dois metros de altura. De alguma forma ele sabia que eu era brasileiro e veio puxar conversa. Pedi que me sugerisse um bar nas proximidades. Ele indicou o fim de uma rua a dois quarteirões de distância. Uma chuva fina insistia em sacanear, porém nada que pudesse ensopar meu casaco. Segui em meio à turba, me sentia num daqueles filmes cyberpunks. Em Hong Kong tudo é pintado de neon, tudo é multidão, há pessoas de todo canto do planeta.

O bar indicado pelo malês foi fácil de achar, um pub de estilo pretensiosamente inglês. Pedi uma Amstel e passei a observar a fauna. O ambiente era escuro e parecia vazio, exceto por um casal um tanto atípico ao fundo. O homem era um asiático alto e musculoso, muito bem vestido, traços de coreano. A mulher, uma loira da qual eu não via a face, mas podia perceber que era muito obesa. O cara a beijava com gosto, passava as mãos por tudo, ela estava por toda parte. O esfrega durou meia hora, até a moça partir pisando com desajeito em algumas poças d’água com letreiros refletidos.

O coréia acenou para a namorada e depois sentou-se comigo. Perguntou se eu falava inglês, guardava uma expressão de desabafo.

“O que achou da garota?”

Já com três cervejas no sangue e dominado pelo jet lag, respondi da maneira mais educada possível:

“Não é o tipo de mulher que se encontra em qualquer lugar”.

Eu estava certo, o cara era realmente coreano, apelido Bae. Os olhos vermelhos não negavam sua embriaguez, a voz pausada.

“Vou lhe contar algo que nunca contei a ninguém”.

Andi-Anderson(2)

Teria sido mais um papo de bêbado, desses que já ouvi em todo continente incluindo a Antártica, mas não. Bae começou dizendo que era obeso quando jovem. Aos catorze anos apaixonou-se por uma colega de classe. Declarou-se com muita emoção, mas foi duramente rejeitado. Naqueles dias o garoto vivia em um cortiço na periferia de Seul junto com a mãe viúva. Ao voltar para casa, percebendo que tinha perdido suas chaves, a mãe fora o dia todo no trabalho, o coração estraçalhado, Bae sentou-se em frente ao portão e chorou. A vizinha da frente o reconheceu e perguntou do que se tratava. Ela, uma mulher madura de nome Shin, corpo ainda inteiro e busto sensacional. Os dois conversaram e o rapaz explicou a situação. Shin foi direta:

“Você precisa emagrecer”.

No intuito de ajudá-lo, a mulher sugeriu um programa de treinamento que incluía caminhadas diárias no período da tarde. Seguindo tal rotina com disciplina, em breve ele estaria esbelto e a menina de arrependeria amargamente daquele desaforo. Movido pela paixão e um certo sentimento de vingança, Bae pediu à mãe que o deixasse se exercitar com Shin. A mãe não achou nada demais, tinha grande estima pela vizinha, uma mulher também viúva, sustentada apenas pela pequena pensão deixada pelo marido morto, sorte que ela mesma não tivera.

Durante o primeiro mês Bae foi um aluno dedicado, mas sua paixão pela menina da sala logo passou. Logo voltou a ser preguiçoso e desinteressado. Shin não se conformava, lhe empurrava os exercícios, porém sem muito sucesso. Certo dia flagrou o moleque com um belo pote de sorvete e resolveu tomar medidas extraordinárias. Convidou-o até sua casa para um lanche. Bae sentou-se em uma cadeira na cozinha e se surpreendeu ao sentir a mão da mulher sobre suas calças. Mesmo a confusão de passar por algo tão novo não lhe tirou o instinto. Logo estava excitado. Shin o masturbou com vigor. Sua proposta era simples.

“Continue com os exercícios, Bae. Pesamos toda sexta. Se você perder um quilo por semana ganhará sempre um prêmio desses, um melhor que o outro”.

Andi-Anderson(3)

Shin soube ensinar a Bae o poder da motivação. O rapaz todo dia saía de casa muito estimulado. Corria, fazia barras, evitava os doces, tudo em busca de sua recompensa carnal. No fim de uma semana tinha perdido mais de um quilo. Shin lhe sugou o pau, um belo prêmio que ele em sua inexperiência só usufruiu por trinta segundos. Em mais uma semana Bae conheceu os seios de Shin. Depois perdeu a virgindade com camisinha. Na semana seguinte experimentou transar sem. Em menos de três meses a viúva usou sua farta criatividade e deu acesso a tudo, por completo.

A verdade é que ele merecia. Estava dezessete quilos mais magro. Podia ter qualquer garota, no entanto já amava Shin. Sua paixão intensificou-se de tal modo que passou a ser inconveniente para sua treinadora. A história dos dois fora encerrada de repente e lá estava ele novamente com o coração partido. De qualquer modo a tristeza não durou muito tempo. Bae era agora um jovem esbelto e logo tornou-se um homem que atraia a atenção de qualquer mulher. Era tão atraente que em determinado ponto passou a viver como gigolô. Porém, o passar dos anos lhe tornou inquieto, precisava ganhar dinheiro. Não se interessava por estudo e as coisas pareciam turvas. Em certa tarde, ao passear no parque, lembrou de sua experiência com Shin e teve uma ideia brilhante.

“Por que não usar essa técnica sexual para redução de peso?”

Bae era um sexual personal trainer. Explicou-me a natureza de seu trabalho. A paciente – assim ele as chamava – não podia saber dos objetivos do tratamento. Por isso ele era contratado por algum parente próximo que desejava ver a filha, a irmã ou esposa em dia com a balança. Depois de traçar um perfil psicológico e físico, Bae decidia se aceitava a missão ou não. Preferia pacientes obesas desde a infância, sem perfil mórbido, as quais em geral não tinham qualquer experiência sexual. Desse modo, o tratamento era sempre mais efetivo, pois se deixavam envolver facilmente.

O processo começava como uma aula de exercícios regular. No entanto, depois de uma semana, o personal mostrava-se interessado pela paciente. Saiam e logo ficavam. Na primeira pesagem que apontava uma perda de peso esperada, o personal masturbava a paciente. Sem saber, Shin havia passado sua técnica para novas mãos. Isso criava uma associação positiva de recompensa. A cada semana, diante de resultados positivos, um novo ganho sexual, um novo tipo de carícia. Caso o objetivo semanal não fosse alcançado, Bae mostrava-se chateado, argumentando que ele não estava alcançando o objetivo dela de emagrecer, maldizendo-se como profissional. Triste e cabisbaixo, não se mostrava interessado em sexo. Naturalmente esse estímulo negativo por parte dele levava a uma reação da paciente e consequente emagrecimento na semana posterior. Com tal tipo de motivação, os resultados eram excelentes. Em alguns meses a paciente estava com o peso planejado. Essa era a hora em que Bae dava uma desculpa e sumia. Sua missão tinha sido cumprida.

Andi-Anderson(4)

Bae não me disse quanto cobrava, mas certamente eram cifras obscenas. A descrição da casa em Malibu, do apartamento em Paris e o traje de grife não deixavam dúvidas. Dezenas de outros profissionais trabalhavam para ele depois de receberem treinamento na técnica Shin, gente recrutada em casas de prostituição da alta sociedade. Seus serviços eram direcionados tanto para mulheres quanto para homens obesos, gente muita rica. Os pacientes chegavam até ele no boca a boca.

“E você gosta do que faz?”

O ar de tristeza já tinha passado. Parecia que o desabafo lhe fizera rever o valor de seu trabalho. Deu um sorriso sacana, colocou a mão no bolso e tirou um farto maço de dinheiro. Passou as notas com certo desdém e jogou a grana na mesa para pagar a conta. Vestiu o paletó, deu um tapa no meu ombro.

“Fiquei rico fazendo as pessoas felizes, isso é tudo”.

Eram duas da madrugada, mas Hong Kong ainda fervia, gente por todo lugar. Em frente à Chungking Mansion uma garoa estranha ajudava a espalhar o cheiro da comida dos restaurantes. O malês me viu parado olhando os néons.

“Gostou do bar?”

Uma moça obesa passou por nós, molhou o sapato de salto nas poças. Encarei o malês e pensei em narrar toda a história de Bae, mas a verdade é que eu não sabia por onde começar, ainda precisava digerir tudo aquilo.

“Sim, valeu pela dica”.

Ele sorriu, os dentes muito brancos. Eu já seguia para o elevador, desviando dos vendedores. Ainda pude ouvi-lo.

“Hong Kong lhe surpreendeu?”

Acenei uma despedida meio sem jeito e segui para o meu quarto. O que eu poderia dizer?

Texto por Pedro Schmaus, em sua coluna no blog Sedentário & Hiperativo.

8 Comentários
  1. PAIXÃO

    ME VEIO UM DÉJÀ VU, PERDI 17KG AO CONHECER UMA GATA QUE ME MOTIVOU DESTA FORMA. MUITO BACANA A HISTÓRIA.

    1. aasdgasgasg

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